16. EXALTAÇÃO DOS SENTIDOS

Todo o prazer provém do corpo. A sensualidade e a beleza, a sua pele, a força da fêmea, o desejo de possuir e ser desejada, o olhar sedutor prometendo cumplicidade, o compromisso de penetração no toque das mãos e no olhar, o desejo imediato de achar qualquer lugar, o toque no que é seu e meu, um canto para te possuir, qualquer esconderijo. Na manhã seguinte, você molhada de chuva na beira do mar, praia deserta, a vontade de jogar tudo para o ar e correr pela areia.

À noite, na boate, seus gestos exalavam prazer. Te beijo na boca carnuda e quero reconquistar meu carro, cartão de crédito, dinheiro, e te dar o luxo de um hotel dez estrelas num lugar paradisíaco, andar à tarde pela vegetação e sentir o cheiro da terra, os pés descalços no chão de areia e barro, as cores quentes das folhas maduras, contrastando com a paisagem verde, as barracas de frutas, te dar banho quente e enxugar numa toalha felpuda e cheirosa, perfume acre e tocar seu sexo, te penetrar.

Anoitecendo, envolvê-la em desejos de compra pelas lojas, te dar um presente, sair para jantar à luz de velas, vinho, vendo-a saborear cada mordida, cada sabor a te enfeitiçar. Eu a levo para passear nas ruas escuras do submundo, o perigo ronda te excitando e aguçando seus sentidos, misturando medo e prazer. No quarto, te beijo na boca sem te tocar, o desejo cresce, vem me deflorar. Mantenho a tensão massageando, o sexo louco invade tudo, e seu desejo cresce até o ponto de angústia, de vontade que não sacia, a posse que já não é só minha, ela quer outra para se sentir rainha, a força do macho para se sentir mulher, e o orgasmo lascivo, público, egoísta, dominador, para nada.